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Pandemia e Educação

Cinco anos depois: o impacto persistente da pandemia na educação dos jovens brasileiros.

Passados cinco anos da maior crise sanitária do século, os efeitos da pandemia continuam sendo sentidos de maneira profunda por uma geração que teve sua formação comprometida em um dos momentos mais críticos da vida: o ensino médio. Foi para dar visibilidade a esse cenário que o Valor Econômico encomendou à HSR uma pesquisa inédita, com o objetivo de entender como o ensino remoto afetou a trajetória dos estudantes e quais cicatrizes ainda permanecem.

Os dados são contundentes. Segundo o estudo, 74% dos jovens se sentem prejudicados pelo modelo emergencial de ensino remoto, adotado durante a pandemia. As consequências vão além do desempenho escolar: elas já alcançam o acesso ao ensino superior e a inserção no mercado de trabalho, apontando para uma desigualdade que tende a se perpetuar se nenhuma ação for tomada.

“Estamos diante de uma geração que teve a resiliência testada de forma extrema. Apesar disso, ela continua acreditando na educação como alavanca de futuro. Mas isso não pode justificar a ausência de políticas públicas ou privadas de reparação. Precisamos agir com urgência”, alertou Karina Milaré, sócia da HSR, em entrevista para o Valor.

Entre os principais achados da pesquisa:

  • 30% dos estudantes sentem que ficaram muito para trás em relação ao conteúdo e ao ritmo ideal de aprendizagem;
  • Outros 44% acreditam estar um pouco atrasados, especialmente em matérias estruturantes como português e matemática;
  • 85% precisaram estudar exclusivamente pelo celular, o que comprometeu a qualidade do aprendizado e o engajamento;
  • 41% ainda enfrentam problemas de saúde mental relacionados ao isolamento, à sobrecarga e à falta de apoio emocional no período.

Esses dados revelam uma realidade urgente: não basta retomar o calendário escolar ou oferecer conteúdo de forma massiva. É preciso olhar para a formação integral desses jovens, compreender o abismo que os separa de oportunidades futuras e reconstruir a confiança na escola e na sociedade.

Mesmo com tantos desafios, o estudo revela um ponto de esperança. A grande maioria dos jovens entrevistados ainda vê na educação o principal meio de transformar suas vidas. Cabe agora a todos os setores – público, privado e terceiro setor – entenderem essa mensagem e atuarem de forma coordenada para recompor lacunas e abrir caminhos.

“Essa geração não quer pena. Quer apoio. Quer preparo. Quer condições reais de competir e crescer. Nosso papel, como sociedade, é garantir que ela não seja a geração esquecida”, concluiu Karina.

Leia a matéria na íntegra em: Cinco anos após pandemia, ensino remoto deixa nos jovens sensação de ter ficado ‘para trás’ | Brasil | Valor Econômico